As tintas e revestimentos ocupam um lugar proeminente na história cultural da humanidade. O fascínio pelas cores e pelo aspecto decorativo das tintas existe desde os tempos pré-históricos, como o testemunham as pinturas das cavernas, feitas com tintas à base de gordura animal e terras coradas ou pigmentos naturais, tais como o ocre.
Apesar das tintas actuais serem produtos com um grau de sofisticação muito superior, o certo é que os constituintes de base continuam a ser o ligante e o agente da cor, ou seja, os pigmentos, tal como no passado. As tintas usadas nas pinturas das cavernas só poderiam ter sido aplicadas em interiores por não serem resistentes à intempérie, mas naquela aplicação ainda hoje estão preservadas.
Cerca de 4 000 anos a.C., os europeus começaram a usar as primeiras tintas para construção civil: queimavam pedra calcária, misturavam-na com água e aplicavam a cal resultante às suas casas de barro para as protegerem e decorarem.
Na mesma altura os povos do sudoeste asiático tinham já desenvolvido a arte da fabricação de lacas, verdadeiros antecessores dos revestimentos modernos, enquanto na Índia, da secreção de um insecto se extraía a goma-laca (shellac), usada na preparação de um verniz para proteger e embelezar objectos e superfícies de madeira.
Os chineses detinham o conhecimento do fabrico da laca preta da resina da árvore Rhus Vernicifera, usada para ornamentar objectos, considerados extremamente valiosos, símbolos da aristocracia na China e no Japão, e mais tarde na Europa onde esta arte foi introduzida pelos mercadores da Idade Média.
Só com a Revolução Indústrial é que as tintas e revestimentos de facto conquistaram o mundo. O rápido avanço tecnológico criou novos e vastos mercados para as tintas e revestimentos. A invenção e o incrível sucesso do automóvel constituiu o motor de desenvolvimento de novos revestimentos e processos de aplicação – devido às novas formulações, as trinchas foram substituídas pela pistola e os tempos de secagem encurtados, com a consequente aceleração do processo de pintura.
Hoje não seriam aceitáveis as tintas nitrocelulósicas para aplicação à pistola usadas na pintura de automóveis, nos anos 30, e que continham apenas 30% de sólidos, consistindo o restante em compostos orgânicos voláteis (COV).
A indústria de tintas investiu fortemente na investigação e desenvolvimento de produtos com menor impacto no ambiente e na saúde humana. O teor de solventes das tintas foi altamente reduzido, podendo ser apenas de 15% nas tintas de altos sólidos. As tintas de base aquosa são muitas vezes usadas em substituição das de base solvente e alguns produtos são mesmo isentos de solvente, tais como as tintas em pó e as de cura UV.
Ao longo das décadas, as formulações das tintas tornaram-se cada vez mais complexas e hoje os revestimentos não só protegem e embelezam os substratos como também lhes conferem propriedades funcionais: antiderrapantes, isoladoras, condutoras e reflectoras, por exemplo.
As tintas e revestimentos desempenham um papel indispensável no mundo moderno e revestem virtualmente tudo o que usamos, desde electrodomésticos, edifícios, carros, barcos, aviões a computadores, micro chips ou circuitos-impressos.
As tintas contribuem para a durabilidade dos objectos, ajudando dessa forma a economizar recursos naturais. Apresentam-se em todas as cores imagináveis e embelezam as nossas vidas tal como o faziam há 30 000 anos atrás.
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